The Bloomsbury Group

Transformar a sociedade, reinventá-la ou simplesmente quebrar todas as regras impostas pelo sistema é, ou deveria ser, a característica principal dos artistas e da juventude. Não que não possam existir jovens ou bons artistas acomodados às normas de seu tempo, porém sem o descontentamento e a inquietação não se cria nada de novo.
O final do século XIX e o começo do XX foram marcados por grandes transformações econômicas, sociais, filosóficas e tecnológicas. A crise já bem definida na Europa pré 1ª Guerra Mundial e a movimentação de imigrantes entre o novo e velho mundo, desestruturaram antigos conceitos e trouxeram à tona novas propostas geradas pelo questionamento e pela insatisfação.
Isso acontecia em todas as classes sociais, inclusive na burguesia vitoriana. Conhecida como uma era de prosperidade e paz, a Era Vitoriana começou a Reforma de 1932 e foi um período de grande prosperidade para a classe média inglesa e foi a mãe de uma geração que primava pela educação, cultura e refinamento sem precedentes na história do Reino Unido.
A segunda metade da Era Vitoriana na Inglaterra coincide com Belle Époque na França. Movimento marcado pela efervecência cultural, pela boêmia e revolução de idéias e costumes. Ir a Paris pelo menos uma vez por ano era uma obrigatoriedade religiosa para todos que pretendiam se manter atualizados com a cultura em todas as suas manifestações, das artes à moda.


E os netos da Era Vitoriana, entediados com às rigidias normas sociais inglesas e inspirados pela liberdade da Belle Époque francesa, bem como abalados pelas transformações do mundo com a Guerra Mundial, se juntaram em grupos unidos pela necessidade de romper, de se libertar, do que já estava estabelecido. Um desses grupos foi o Bloomsbury Group, formado por escritores, artistas e intelectuais como Virginia Woolf, EM Forster, Lytton Strachey , Dora Carrington, Leonard Woolf , Roger Fry, Vanessa e Clive Bell e John Maynard Keynes.
Criados em abastadas famílias vitorianas os membros do grupo de Bloomsbury rejeitava os limites da sociedade vitoriana pudica, moralista e hipócrita, buscando viver mais livremente e sem restrições.
O Bloomsbury Group teve início quando, após a morte de seu pai, Virginia Woolf se mudou para o distrito de Bloonsbury e passou a receber e hospedar em sua casa amigos e artistas. Esses enconros eram marcados por discuções artísticas e temas tabu como o direitos dos homossexuais, as mulheres nas artes, o pacifismo, casamentos abertos, sexualidade livre e outras idéias não convencionais.




A produção artística do grupo foi impressionante. Foi nesse período que Virginia Woolf escreveu algumas de suas obras mais influentes (Mrs. Dalloway, The Common Reader e To the Lighthouse); EM Forster produziu seus maiores clássicos (A Room with a View, Howards End e A Passage to India); Vanessa e Clive Bell, Duncan Grant e Roger Fry realizaram muitas exposições de arte altamente aclamadas; e Lytton Strachey escreveu a revolucionária biografia Eminent Victorians.
O grupo era conhecido também por sua irreverência e bom humor. É classica a passagem em que, travestidos de príncipes e embaixadores abissínios, os artistas enganaram a Marinha Inglesa e foram recebidos com honrarias para um passeio no flagship da Grã-Bretanha, o HMS Dreadnought. O caso ganhou as manchetes de todos os jornais e ficou conhecido como The Hoax Dreadnought.



Mas o grupo tinha também curiosas histórias internas e uma delas era o desejo de Lytton Strachey de casar-se com Virginia Woolf. Assumidamente gay, Strachey via na bela e talentosa Virginia a esposa perfeita para mascarar socialmente sua homossexualidade e aumentar seu status social. Em 17 de fevereiro de 1909 Strachey fez ofcialmente a proposta mas arrependeu-se imediatamente, como confessou posteriormente em carta a seu amigo Leonard Woolf, que foi quem se casou com Virginia em 1912.


Strachey e Virginia continuaram amigos até o fim de suas vidas, o que marca o fim do grupo de Bloomsbury. Strachey morreu em 1932, seguido pelo suicídio de Dora Carrington. Em 1934 morreu Roger Fry. Em 1941, sofrendo de depressão e temendo uma eminente invasão nazista, Virginia Woolf se suicidou.

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