Estômago





Devorar ou ser devorado? A lei das selvas assume várias formas nas grandes metrópoles e são algumas dessas formas que compõem o filme "Estômago", de Marcos Jorge. Mas "Estômago" é também um filme sobre prazeres como a comida, o sexo, a arte, a vingança... esses prazeres aos quais nos permitimos, alguns com frequência e outros de vez em quando.
Os personagens parecem bizarros mas não são. As situações parecem insólitas mas não são. As pessoas e os acontecimentos em "Estômago" são mais comuns e triviais do que podemos imaginar ou gostariamos de acreditar.
O que dá um toque surreal ao filme é como tudo isso foi alinhavado em um roteiro inteligente e depois custurado com finissimo acabamento pela música, fotografia e edição primorosas que ele tem.
Esse é o primeiro longa do diretor Marcos Jorge que vem de dois curtas: "Infinitamente Maio" e "O Encontro". Uma estréia com pé direito, aplausos da crítica, boa bilheteria e vários prêmios importantes (entre eles melhor filme, melhor diretor e melhor ator no Festival Rio 2007, além melhor filme e melhor ator no Festival de Punta Del Este).
O elenco é fantástico e sem globais. O Titã Paulo Miklos faz uma participação especial muito interessante. A atriz Fabiola Nascimento arrasa no papel de Iria, uma prostituta gulosa, engraçada, sensual e cheia de vida. Mas o destaque mesmo é para João Miguel (de "Aspirina e Urubus") que encarna o nordestino Raimundo Nonato com uma graça e simplicidade que cativa e comove.
O único senão do filme está na última cena. Não vou contar exatamente o que pra não tirar a graça do filme mas, como disse meu amigo Dionisio Sponchiado, se o filme tivesse acabado 1 minuto antes seria o filme perfeito com final perfeito.
De qualquer maneira "Estômago" é um desses raros filmes que renovam nossas esperanças no cinema nacional. "Estômago" é um filme com sabor de quero mais!

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