Bertolt Brecht
Amanhã, dia 14 de agosto, será o 53º aniversário da morte de um dos maiores nomes da história do teatro e da literatura.
Bertolt Brecht (1898-1956) foi autor teatral, escritor e diretor de 50 peças, contista, co-editor da publicação cultural russa Das Wort (A Palavra) e colaborador de diversas revistas de refugiados da Segunda Guerra Mundial. Escreveu canções, diários de trabalho, ensaios, um roteiro de cinema com o cineasta Fritz Lang (Hangmen Also Die!, de 1943) e até poesia.
Brecht sofreu um infarto aos 58 anos. Deixou inúmeros textos incompletos, entre eles o romance "Os negócios do Senhor Julio César" e outros fragmentos, só recentemente descobertos.
Ele nasceu Ugen Friedrich Bertolt Brecht em Augsburg (Alemanha), em 10 de fevereiro de 1898. Sua primeira peça, A Bíblia, foi publicada na revista literária da escola aos 15 anos. A obra considerada inaugural de sua carreira é Baal, criada cinco anos depois, enquanto estudava medicina e prestava serviço militar como enfermeiro no hospital de sua cidade natal, durante a Primeira Guerra Mundial.
Baal só seria encenada em 1923, mas daí em diante Brecht alcançaria projeção rapidamente.
Exilado da Alemanha em 1933 por fazer oposição a Hitler, morou em diversos países da Europa. Foi perseguido não só pelos nazistas, como por anticomunistas e membros do movimento macarthista dos Estados Unidos. Só retornou à Alemanha em 1949, quando ao lado de sua esposa, a atriz Helene Weigel, fundou o Berliner Ensemble, grupo teatral que o acompanharia até o fim da vida.
No Brasil a primeira montagem profissional de uma peça de Brecht foi realizada em 1958, no teatro Maria Della Costa, em São Paulo (o texto era A Alma Boa de Setsuan). Desde então, inúmeros espetáculos colocaram em movimento idéias do dramaturgo alemão, ainda que indiretamente.
O musical Ópera do Malandro, de Chico Buarque, inspirado na Ópera dos Três Vinténs; a montagem de O Rei da Vela, de Oswald de Andrade, no Teatro Oficina (feita em 1967 por José Celso Martinez Corrêa), e a criação do Sistema Curinga, de Augusto Boal, inspirado no conceito de distanciamento, são exemplos da influência brechtiana no teatro nacional.
Principalemnte durante o período da ditadura militar no Brasil, Brecht tornou-se referência obrigatória entre os artistas da época, por suas convicções socialistas.
Na área editorial, a divulgação do trabalho do dramaturgo, de sua biografia e críticas a seu respeito é intensa. Já escreveram sobre ele ensaístas como Anatol Rosenfeld, Sábato Magaldi, Ingrid Koudela, Gerd Bornheim, Jacó Guinsburg, Antonio Pasta Jr. e Márcio Marciano. Seus tradutores formam igualmente um time de primeira linha, que inclui Manuel Bandeira (O Círculo de Giz Caucasiano), Fernando Peixoto (tradutor do Teatro Completo em 12 volumes), Christine Röhrig (O Declínio do Egoísta Johann Fatzer), Roberto Schwarz (A Santa Joana dos Matadouros), Paulo Cesar Souza e Geir Campos (Poemas e Canções), entre outros.
A principal contribuição de Brecht foi ter criado recursos teatrais diferenciados, simultaneamente estéticos e políticos. Ele buscava elementos opostos aos utilizados no teatro aristotélico. Nas notas escritas para a Ópera dos Três Vinténs e Ascensão e Queda da Cidade de Mahagonny, critica o “teatro burguês”, que classifica como “teatro culinário”: o público compra emoções e estados de êxtase para satisfazer sua necessidade imediata de entretenimento.
Bertolt Brecht acreditava em um teatro que pudesse “conciliar a preocupação artística com a preocupação política sem nunca submeter uma à outra, mas justamente encontrando um novo e surpreendente significado para ambas”.
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