Identidade






A busca de uma individualidade, mesmo que superficial... ou de uma identidade, mesmo que fabricada... Os deuses estão mortos. O homem do século XXI pretende ser seu próprio deus, o Super Homem profetizado por Nietszche.
Ao mesmo tempo em que transita por muitos grupos e cria listas imensas de relações virtuais, a solidão é uma característica do homem deste século, como se ela fosse uma condição para essa tão almejada individualidade.
Talvez porque essa individualidade seja apenas uma máscara e ninguém possa descobrir o ser humano comum que está embaixo dela.
Comecei a refletir sobre isso quando conheci, através das peças publicitárias da grife Thierry Mugler, o modelo canadense Rick Genest ou Zombie Boy, como ele prefere ser chamado.
Em uma atitude extremista, Rick pregou a máscara á própria pele. Tatuou todo seu corpo para se parecer com uma caveira e isso tem lhe rendido muito mais que 15 minutos de fama. Descoberto no Facebook por Nicola Formichetti, diretor criativo da grife, o Zombie Boy saltou do anonimato para as passarelas de uma das semanas de moda mais importantes do mundo, além de estampar páginas das revistas mais importantes do segmento.
E se a moda em si já é uma máscara, Formichetti - antenadíssimo com seu tempo - deu a ela o grau certo de estranheza que o momento pede. Tudo isso, claro, arrematado e coberto por uma bela coleção e uma campanha publicitária perfeita.
Interessante também é o fato das caveiras estarem tão em moda e a tanto tempo. O brasileiro Alexandre Hechcovitch as usa desde o começo de sua carreira como um símbolo de sua grife. O inglês Alexander McQueen também explorou de mil formas esse símbolo de morte e de rebeldia.
A moda parece buscar uma duração muito além da carne (perecível). Descartável em sua essência, ela parece nos dizer agora que nós somos ainda mais descartáveis que ela. E talvez sejamos mesmo. Nós e nossas máscaras.

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